O PROCESSO DE CONSTITUIR-SE PROFESSOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM AMBIENTES ESCOLARES I

O PROCESSO DE CONSTITUIR-SE PROFESSOR: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO EM AMBIENTES ESCOLARES I

• Autor
• Kauane da Luz
• Resumo

• O presente estudo consiste em um relato de experiência construído a partir dos encontros vivenciados no Estágio Supervisionado em Ambientes Escolares I, realizado no primeiro semestre de 2025, na EMEIEF Maria Conceição Ramos do Amaral Crivelli, em Pimenta Bueno - RO, com uma turma do 1º ano do Ensino Fundamental. O objetivo deste trabalho é refletir sobre a constituição da identidade docente e confrontar concepções tradicionais que ainda permeiam a prática pedagógica. Durante a experiência, dividida entre observação, participação e regência, surgiram inquietações que me levaram a repensar o significado de ser uma boa professora e questionar as formas como concebemos e tratamos a infância. A partir do conceito de “infância natimorta”, de Corazza (2002), que denuncia a “desinvenção” da infância, foi possível refletir sobre como, enquanto sociedade, afirmamos valorizar a infância, mas frequentemente a silenciamos, disciplinamos e docilizamos, exigindo que os sujeitos infantis se ajustem às expectativas adultas. A convivência com os estudantes evidenciou a persistência de marcas de uma educação autoritária, que associa obediência e silêncio à aprendizagem, destacando a necessidade de ressignificar o conceito de “domínio de sala”, ainda idealizado por muitos futuros docentes. Esse ideal, enraizado em concepções tradicionais, posiciona o professor no centro do processo de aprendizagem como detentor do saber absoluto, enquanto os alunos são vistos como receptores passivos, conforme Libâneo (1985). Diante disso, questiona-se se realmente é desejo esse tipo de domínio ou se apenas o reproduzimos por imposição, uma vez que dominar a docência deveria significar conhecer estratégias, lidar com imprevistos, buscar constantemente formas de melhorar o processo de aprendizagem, inserir o aluno como sujeito ativo, considerar sua formação moral, intelectual e cognitiva, e formar cidadãos críticos e emancipados. A experiência também permitiu desconstruir a crença de que o professor nasce pronto, como alerta Freire (1991), e compreender que ser educador é um processo contínuo de construção, realizado na prática e na reflexão sobre ela. Em diversos momentos do estágio, questionei-me se havia nascido para ser professora, mas com o tempo compreendi que a formação é um processo contínuo e que a meta não é a perfeição, mas a construção de bases para a identidade docente. Souza (2022) ressalta que ser professor é se fazer professor todos os dias. Conclui-se que o estágio supervisionado constitui um espaço potente de formação, articulando teoria e prática, permitindo errar e aprender, e preparando o futuro docente para atuar com sensibilidade, criticidade e compromisso ético com a infância e com a educação.

   

• Palavras-chave
• Estágio, Infância, Pedagogia
• Modalidade
• Comunicação oral
• Área Temática
• GT 1- Experiências do Estágio Escolar Supervisionado: a perspectiva discente